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"Jornal BIOQUIMICAp: O TRIGO E AS DOENÇAS DO CORAÇÃO"

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21 de dezembro de 2012

O TRIGO E AS DOENÇAS DO CORAÇÃO



Época de Natal, e todos animados para o fim de ano. É coisa boa, só que um ingrediente dos pratos mais gostosos da ceia pode trazer problemas; daí a necessidade de se ter informações sobre ele.
Todos nós certamente já ouvimos falar na doença celíaca. Aquela que faz os seus pacientes sofrerem bastante e por vezes até ficarem inchados e vermelhos ao comer quaisquer derivados desse curinga na culinária: O trigo.
Tanto faz ser um bolo, coxinha, pão francês, biscoito, panetone ou salgadinhos. Doce ou amargo, salgado ou azedo, esse “metamoforseante”  pode se transformar em qualquer coisa, e é também por isso que ele pode, em nosso organismo, fazer muito estrago. 
O trigo tem uma proteína odiada pelos que dela tem alergia, conhecida como glúten, a qual é uma proteína amorfa (que não tem estrutura definida), composta pela mistura de longas cadeias protéicas de gliadina e glutenina. A gliadina é o componente essencial do glúten que dá ao pão a habilidade de crescer durante o seu preparo e também é responsável por envolver as moléculas de amido.



Segundo médico e doutor Drauzio Varella: “ [...] a gliadina, contém a maior parte dos componentes nocivos. Em pessoas predispostas, moléculas não digeridas de gliadina, ao entrarem em contato com as camadas mais internas da mucosa intestinal, disparam uma reação imunológica no intestino delgado, causadora do processo inflamatório crônico responsável pelos sintomas da doença celíaca.”
A glutenina por sua vez         é responsável pela firmeza e elasticidade da “massa”, em que o pizzaiolo, sem maiores dificuldades, faz dela o que quiser; rola e amassa, estica e diminui. É uma molécula de alto peso molecular que se estabiliza por pontes dissulfeto e de hidrogênio, além das forças de interação mais fracas. 
Hoje a frase mais comum quando se leva às mãos um produto industrializado é: “Contém Glúten” ou “Não Contém Glúten”. Qualquer produto é por lei obrigado a dizer se tem ou não essa proteína. Não é mais especulação o fato do glúten grudar nas paredes do intestino, causando a má assimilação de nutrientes, podendo levar a sérios quadros de anemia e deficiências nutricionais. A própria palavra vem do latim gluten” e quer dizer cola. Tanto por dar elasticidade e liga à massa ou por realmente colar no intestino, criando uma parede em volta das microvilosidades. Seu nome realmente deveria ser “grúden”.
Muita gente diz que essa proteína é inofensiva, contudo, será mesmo? Será que o trigo é realmente saudável, ainda que seja integral?

                                       


Dr. William Davis prova que não. Em seu livro “Wheat Belly” - literalmente barriga de trigo-, ele dá motivos para correr do trigo só ao vê-lo.  Ele começa falando sobre a história dessa planta, voltando no tempo uns 10.000 anos para dizer que o trigo que comemos hoje é bioquimicamente diferente do trigo que nossos ancestrais comiam. Na realidade, o trigo que nossos bisavôs comiam há 50 anos é muito, só que muito diferente do trigo usado hoje em dia. Isso acontece porque ele foi sendo hibridizado e geneticamente modificado ao longo dos anos tanto para aumentar drasticamente sua produção em condições adversas, ou para melhorar algumas características de gosto ou forma sempre almejadas pelos espertos cozinheiros. A questão é que de lá pra cá a doença cardiovascular hoje é a causa nº 1 de todas as mortes no planeta inteiro, segundo esse gráfico de 2012 da Medical News.


No mundo
Morte em milhões
% de mortes
Doença cardíaca isquêmica
7.25
12.8%
Acidentes vasculares cerebrais e outras doenças cerebrovasculares
6.15
10.8%
Infecções do trato respiratório inferior
3.46
6.1%
Doença pulmonar obstrutiva crônica
3.28
5.8%
Diarreias
2.46
4.3%
HIV1/AIDS
1.78
3.1%
Câncer4 de traqueia5, brônquios6 e pulmões7
1.39
2.4%
Tuberculose2
1.34
2.4%
Diabetes mellitus3
1.26
2.2%
Acidentes de trânsito
1.21
2.1%



Fonte: News.med.br


A questão é se isso tem alguma coisa a ver com o trigo. O Dr. Davis diz:  "Small changes in wheat protein structure can spell the difference between a devastating immune response to wheat protein versus no immune response at all."
Ou seja, até pequenas mudanças nas estruturas proteicas do trigo podem fazer a diferença entre uma resposta imunológica devastadora versus nenhuma resposta imunológica.
O doutor mostra também que as proteínas do trigo hoje são estranhas ao nosso organismo; foram encontradas 14 novas proteínas que não estão presentes no trigo original. Segundo dados demográficos, a doença celíaca ou até a completa intolerância ao glúten quadruplicou nos últimos 50 anos. A mensagem é que ainda que você não tenha sido diagnosticado com qualquer sensibilidade ao glúten, não quer dizer que comê-lo constantemente não está causando a você inflamações crônicas e outros tipos de doenças a longo prazo no seu sistema digestório, além de outras doenças autoimunes. E lembre-se que inflamações crônicas ao intestino e ao colón pode levá-lo ao temido câncer mais tarde.
Um fato curioso é o que Pero Vaz de Caminha relata em sua carta a Dom Manuel I, rei de Portugal. Ao descrever as cenas que viu, menciona a alimentação dos índios: “Nem comem senão desse inhame, que aqui há muito, e dessa semente e frutos, que a terra e as árvores de si lançam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios, que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos.”
Vai ver, tem algo a ver.




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